sexta-feira, 29 de maio de 2020

Faleceu Gilberto Dimenstein

Faleceu hoje, 29 de maio de 2020, aos 63 anos, Gilberto Dimenstein. De mortuis nil nisi bonum. Que Deus tenha piedade de sua alma, perdoe seus pecados e o receba em Sua glória.

Esta coluna foi publicada na Folha de S.Paulo em 23 de agosto de 1998. Não está disponível na versão HTML daquela edição do jornal (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/inde230898.htm). Mas ainda pode ser vista no Acervo Digital.




Folha de São Paulo, 23 de agosto de 1998

Gilberto Dimenstein

O macho Caetano

Durante a festa de seus 40 anos, um homem tira a virgindade de uma menina de 13 anos.

Ele, um ídolo, famoso, reverenciado; ela, uma fã deslumbrada.

Descrita tão friamente, a cena sugeriria a relação entre um calhorda e a vítima.

Talvez não. Por que alguém de 40 anos não poderia se apaixonar por uma menina? Ainda mais porque, tempos depois, eles se casariam.

Talvez sim; talvez ali ocorresse um típico caso de abuso provocado por alguém repleto de poderes.

O próprio Caetano Veloso nos jogou este “talvez” – e não se importou em responder, arrogância típica de quem se acha impune.

*

Paula Lavigne resolveu tornar público como perdeu a virgindade durante a festa de 40 anos de Caetano Veloso – o que já é, em si, uma impropriedade, sintoma da “cultura Caras”.

Dou desconto: compreensível a dificuldade de um ser humano lidar com a notoriedade súbita provocada apenas e tão-somente pela notoriedade alheia.

Fomos, portanto, chamados, sem pedir, a vasculhar a vida sexual de Caetano Veloso, provocados por dúvidas éticas.

Nos dias de hoje, no Brasil, não é apenas a imprensa que invade a privacidade, o que é uma pobreza.

Mas os astros também esfregam em nossas faces sua privacidade, na lógica de que aparecer, seja como for, é o que importa.

*

Admito que tenho dificuldade de escrever esta coluna.

A trilha sonora de minha vida é, em boa parte, movida a músicas de Caetano Veloso.

Nova York, onde morei, e o disco “Fina Stampa” se confundem e se mesclam.

Gosto de suas idéias. Mesmo as de que não gosto me fazem pensar. Considero-o referência de cidadania num país sem referências; um educador num país sem educadores.

Vejo por trás das críticas a ele nos meios intelectuais indisfarçável ponta de inveja pelo contínuo sucesso e talento.

A admiração cresceu mais ainda porque ele se aproximou de um programa de meninos de rua em Salvador (Projeto Axé), o qual acompanho quando ainda era papel.

É a nossa melhor síntese da ética com a estética.

*

Com vontade de entender sua versão, aguardei sua resposta.

Mas preferiu desdenhar e resvalar no deboche. Comentou que adorou a entrevista e, depois, limitou-se a dizer que não estava preocupado: “Não sou Michael Jackson, não”.

Ao preferir o deboche em vez da explicação, deu pontapé em seu papel de referência e educador, transmitindo a mensagem de que é normal ou aceitável um poderoso homem de 40 anos seduzir uma criança.

Não é.

*

Talvez (e provavelmente) o caso de Caetano seja diferente.

Mas já que lançaram publicamente a dúvida deveriam explicar publicamente.

E não se refugiar no “sabe-com-quem-você-está-falando”, fazendo lembrar um coronelismo nordestino estilo ACM. É a turma que não se sente, de fato, obrigada a dar explicações, separada pelo fosso da vaidade.

Um estilo que vemos aqui em São Paulo, quando Paulo Maluf põe na sua própria propaganda eleitoral que “não é santo, mas faz”.

Está dizendo em nossa cara algo assim: “Sou desonesto mesmo, e daí?”

Por conta desse estilo, não se confia nos políticos; basta ver como, segundo as pesquisas, é baixa a atenção aos programas eleitorais.

*

Vivemos drama disseminado do abuso sexual, favorecido pelo silêncio.

Raros casos demonstram tanto o limite da violência, da crueldade, do que esse tipo de abuso.

Vi isso ao viajar o país na rota de meninas escravas, o que acabou moldando meu jeito de encarar o ser humano – uma delinqüência relatada semana passada em investigação da repórter Daniela Falcão sobre rede de exploração sexual de meninas em Goiás.

Pessoas responsáveis tentam difundir os direitos da mulher, criar malhas de proteção à criança, punir a exploração, acabando com uma prática antiga.

*

Não é com pessoas, ainda mais ídolos, apresentando como normal uma menina perdendo a virgindade com o homem de meia-idade que vamos reeducar a população.

Queremos que o Haiti não seja mesmo aqui.

*

PS – Por falar em respeito à mulher, começou uma inspiradora experiência em São Paulo.

A partir deste mês, estão sendo treinadas adolescentes pobres para servir de agentes de saúde em suas comunidades. A idéia é que, por serem de idade semelhante, terão maior abertura para se comunicar.

Sua missão é convencer suas colegas no bairro sobre medidas preventivas de saúde, a começar dos cuidados sexuais.

O projeto é desenvolvido pelo Hospital de Referência da Mulher, ligado à Universidade de São Paulo, com a Bolsa de Mercadorias e Futuros.

domingo, 31 de dezembro de 2017

Robert Spencer: Será o Fim da República Islâmica?

Traduzi este texto de Robert Spencer, sobre as manifestações no Irã, publicado em 30/12/2017. O original está aqui: https://pamelageller.com/2017/12/end-islamic-republic.html/

Aiatolá Ali Khamenei

É impossível dizer agora qual será o resultado dos protestos em massa que varrem o Irã, mas é inegável que eles são cruciais, apesar do tratamento que vêm recebendo da imprensa ocidental do establishment. Já levaram a Polícia de Teerã a anunciar que não mais irá forçar a obediência aos códigos de vestimenta feminina que foram impostos depois da Revolução Islâmica de 1979, e mais pode estar por vir, inclusive a queda do próprio regime islâmico — embora os mulás estejam mobilizando seus militares e não irão embora sem luta.
O que quer que haja a seguir, o que já houve é extraordinário. Ao contrário dos protestos do Movimento Verde de 2009, nos quais alguns manifestantes gritaram “Allahu akbar”, sinalizando que tudo o que queriam era a reforma do regime islâmico e não o fim do próprio regime, os manisfestantes dos últimos dias foram claros, repetindo: “Não queremos uma república islâmica!” e “Clérigos são uma vergonha, libertem nosso país!” Alguns até cantaram: “Reza Xá, Deus abençoe sua alma!”
Reza Xá Pahlavi foi o xá do Pérsia entre 1925 e 1941 e pai de Mohammed Reza Pahlavi, xá que foi derrubado pela Revolução Islâmica de 1979. Reza Xá admirava a Turquia de Ataturk e colocou o Irã num caminho semelhante de ocidentalização e secularização. Ao cantarem isso, os manifestantes enfatizam que não querem uma república islâmica e provam mais uma vez que estes protestos não são apenas sobre corrupção governamental ou custo de alimentos.
Uma coisa é certa: estas manifestações já teriam terminado, ou nem teriam começado, se Hillary Clinton fosse presidente dos Estados Unidos neste momento. Confrontado com as manifestações de 2009 que não chegaram ao ponto de exigir tanto, Barack Obama traiu os manifestantes para todos os destinos terríveis que os mulás puderam conceber para eles nas câmaras de tortura. Determinado a concluir o desastroso acordo nuclear que forrou os bolsos de seus opressores com bilhões e colocou o mundo no caminho de um ataque nuclear catastrófico, Obama fez com que o governo dos Estados Unidos não mexesse um dedo, nem oferecesse uma palavra de apoio aos manifestantes, mesmo quando eram abatidos a tiros nas ruas.
Quanta diferença faz uma eleição presidencial! Trump defendeu com força os manifestantes, tuitando: “Muitos relatos de protestos pacíficos de cidadãos iranianos cansados da corrupção do regime e de seu desperdício da riqueza nacional para financiar terrorismo no estrangeiro. O governo iraniano deveria respeitar os direitos de seu povo, inclusive o direito de se expressar. O mundo está vendo!”

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse: “Os líderes do Irã transformaram um país próspero com uma história e uma cultura ricas em um estado delinqüente economicamente esgotado cujas principais exportações são de violência, derramamento de sangue e caos. Como disse o presidente Trump, as vítimas dos líderes iranianos que há mais tempo sofrem são os próprios cidadãos iranianos.” 

O presidente Trump já deixou claro de muitas maneiras, a mais notável sendo o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, que tem a fibra que seus predecessores não tinham de enfrentar intimidações violentas, em vez de ceder a elas. Clinton, Bush e Obama, todos falaram sobre Jerusalém ser a capital de Israel, mas recuaram de reconhecer o fato como política oficial dos Estados Unidos, por medo de que os muçulmanos causassem tumultos e matassem pessoas inocentes e temendo também que esse reconhecimento comprometesse o quimérico e infrutífero “processo de paz”.
Trump, ao contrário, pegou o touro à unha, da mesma forma que fez ao enfrentar uma imprensa do establishment disposta a desacreditá-lo e destruí-lo, e um establishment político democrata e republicano determinados a fazer o mesmo. É um raro homem de coragem e a coragem inspira. Os iranianos que arriscam sua liberdade e sua própria vida para também enfrentarem intimidação violenta e tomarem as ruas por todo o Irã nos últimos dias estão, da mesma forma, demonstrando imensa coragem, do tipo que o mundo raramente vê hoje em dia. Porém, enquanto lutam por liberdade, se forem novamente abandonados, como Barack Obama abandonou os manifestantes de 2009, tudo dará em nada.
Mas Barack Obama se foi e Donald Trump é o presidente. Para o povo do Irã, será o homem certo na hora certa?

domingo, 22 de outubro de 2017

Thais Godoy Azevedo vence em primeira instância a feminista que a processou


Em maio de 2016, publiquei este apelo de Thais Azevedo, que estava sendo processada por exercer seu direito à liberdade de expressão. Ela pedia ajuda financeira para se defender. Foi um dos posts mais populares que publicamos.

A sentença da primeira instância saiu recentemente e foi feita justiça. Thais venceu.

Leiam o relato de seu advogado, Rafael Rosset.
https://www.facebook.com/rafael.rosset/posts/10212026663600156
Em 2016 a Thais Godoy Azevedo acompanhava o pai, que então se preparava para uma cirurgia gravíssima, quando foi citada para uma ação que tramitava no JEC de Goianira/GO. Uma militante feminista queria R$ 30.000,00 e o fim da página Moça, não sou obrigada a ser feminista. A Thais me ligou e eu assumi, com muito prazer, a defesa dela.

Em resumo, a feminista estava indignada porque alguém tirou um print de um post dela e compartilhou na página "Moça", o que gerou uma série de comentários jocosos e depreciativos. Ela aparentemente queria o direito de falar e não ser contestada, de opinar e ser sempre aplaudida, nunca criticada. O detalhe é que ela alegou violação de privacidade, mas o post dela era PÚBLICO.

A sentença saiu essa semana, e o resultado está aqui. De forma transparente, a íntegra da sentença está no link, pra quem quiser ler (o processo é público). Em suma, a juíza (sim, é uma MULHER) ressaltou que a postagem da feminista tinha um tom provocador ("a autora (...) fez uma afirmação provocativa aos leitores masculinos e os incitou a responderem sua provocação"), de sorte que ela não poderia reclamar pelo teor dos comentários recebidos ("o dano moral alegado originou-se da própria conduta da autora, que expôs sua opinião e sua intimidade e chamou os homens a responderem o seu comentário, através de uma frase provocativa"). Tampouco ela poderia alegar que teve sua privacidade violada se opina de maneira pública ("não foi a reclamada quem expôs a autora e sua honra, foi ela mesma quem se expôs em público").

Estabelecendo importante precedente, a juíza deixou claro que não se pode responsabilizar os administradores da página pelo teor dos comentários dos seguidores, principalmente se há provocação ("não se pode responsabilizar a reclamada pelas críticas e ironias feitas à autora pelos leitores da página, notadamente porque a autora os incitou tais comentários ao escrever em seu texto a seguinte frase: 'respondam aí, fodões'."). Pois é, se usar bait tentando gerar reações pra se vitimizar depois, não pode mais reclamar.

E, na parte mais sensacional da sentença, a juíza ressalta que o post da feminista tomava por verdadeira uma notícia veiculada pelo Joselito Müller, claramente satírica, o que denotaria, da parte da autora da ação, uma "combinação entre a cultura que ainda aceita a censura e o deficit de leitura da maioria dos brasileiros".

Meu trabalho neste processo resultou ainda num gostoso artigo para o Implicante, em que analiso a gênese do direito pleno à liberdade de expressão, e porque tal liberdade engloba também e principalmente a liberdade de dizer coisas que desagradam alguns, mesmo que esses "alguns" sejam minorias ou grupos "sensíveis". Ninguém está a salvo da crítica, e não existem "espaços seguros" num mundo livre. Se você quer ter o direito de falar, vai ter também a obrigação de ouvir e ser, eventualmente, criticado e ridicularizado. Não há meio termo, e a causa que você defende ou a ideologia que você professa não te torna imune a críticas, ainda que você pense deter o monopólio da virtude.

Evidentemente cabe recurso da sentença, mas, até aqui, justiça foi feita, e a alegria da Thais com o resultado obtido alegrou minha semana. São as felicidades dessa profissão.

A íntegra da sentença pode ser lida aqui.

domingo, 10 de setembro de 2017

A Batalha de Viena e a Vingança de Osama bin Laden



Corria o ano de 1683. O exército otomano, composto de cerca de 150.000 homens e  liderado pelo Grão-Vizir Kara Mustafá Pashá marchou em direção a Viena. Era um alvo estratégico, que poderia dar aos turcos o controle sobre a região do Danúbio. O imperador Leopoldo I, do Sacro Império Romano-Germânico, fugiu para Passau com sua corte e 60.000 vienenses. O Duque Carlos V de Lorena se retirou para Linz. com 20.000 homens. O Conde von Starhemberg ficou defendendo a cidade com um contingente de apenas 15.000 soldados e 8.700 voluntários. Em 14 de julho, os otomanos cercaram Viena e exigiram sua rendição.

Os vienenses tinham 370 canhões e os muros da cidade haviam sido reforçados. Em vez de um ataque direto à cidade, os otomanos optaram por sitiá-la e tentar destruir gradativamente os muros. Todos os meios de fornecimento de alimentos foram cortados.

O rei da Polônia, João III Sobieski, honrando o acordo de defesa mútua entre Varsóvia e Viena, levou um exército de 80.000 homens para enfrentar os invasores. Saiu de Cracóvia em 15 de agosto e cruzou o Danúbio em 6 de setembro. Enquanto isso, os turcos estavam atacando a muralha com explosões sucessivas e chegaram a abrir buracos de até 12 metros de largura. Os defensores se preparavam para combater dentro dos muros.

Na tarde de 11 de setembro de 1683, os poloneses chegaram a Viena. Juntaram-se a eles as tropas do Duque de Lorena. O frei capuchinho Marco d'Aviano celebrou uma missa e todos se prepararam para enfrentar o cerco.

Os turcos em superioridade numérica, atacaram primeiro, tentando ao mesmo tempo resistir aos recém-chegados inimigos e invadir a cidade pelas aberturas nos muros. Instalaram dez bombas para derrubá-los, mas os defensores conseguiram localizá-las e desarmá-las. As forças germânicas lutaram bravamente e provocaram grandes baixas no exército otomano. Em seguida, os poloneses investiram contra o flanco direito do inimigo. Em vez de combater os poloneses, a maior parte da força turca estava tentando invadir a cidade. Com uma massiva carga de cavalaria, João III desbaratou as linhas otomanas e perseguiu os turcos que fugiram exaustos para o sul. Em cerca de 24 horas, as forças cristãs haviam vencido a batalha e salvo Viena.

Kara Mustafá Pashá foi executado em Belgrado, em 25 de dezembro de 1683, estrangulado por uma corda de seda puxada por vários homens de cada lado, por ordem do comandante dos janízaros.

A Batalha de Viena marcou a máxima expansão otomana na Europa. Depois dela, os cristãos reconquistaram a Hungria, a Transilvânia, Belgrado e a maior parte da Sérvia.

Depois de 318 anos de uma batalha que a imensa maioria dos ocidentais desconhece, Osama bin Laden vingou os otomanos contra os “cruzados”, com o atentado terrorista mais assustador e espetaculoso que conhecemos. Os jihadistas não se esquecem da Batalha de Viena. Para eles, a História inteira pertence ao presente.

Rei João III Sobieski da Polônia

Grão-Vizir Kara Mustafá Pashá

Frei Marco d'Aviano

Imperador Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico
Conde Ernst Rüdiger von Starhemberg

Conde Carlos V de Lorena


segunda-feira, 31 de julho de 2017

Os Larivière


Aliás, eu a vi poucas vezes durante esses dias, pois ela estava quase sempre em casa daqueles seus primos de que certa ocasião mamãe me havia dito: — Mas sabes que eles são mais ricos que tu. — Ora, vimos então esta coisa tão bonita, freqüente em todo o país por aquela época, e que, se houvesse um historiador para lhe perpetuar a recordação, testemunharia a grandeza da França, sua grandeza de alma, sua grandeza segundo Saint-André-des-Champs, a fim de animar tanto os civis sobreviventes na retaguarda quanto os soldados tombados no Marne. Um sobrinho de Françoise, morto em Berry-au-Bac, era-o também desses primos milionários dela, antigos proprietários de botequins, há muito retirados dos negócios depois de fazerem fortuna. Fora morto, e era um pequeno negociante pobre que, mobilizado aos vinte e cinco anos, deixara sozinha a jovem esposa para gerir o pequeno bar, para onde esperava voltar em poucos meses. Fora morto. E então viu-se isto. Os primos milionários de Françoise, e que não tinham parentesco algum com a moça, viúva de seu sobrinho, haviam deixado o campo, onde há dez anos descansavam, e recomeçaram a trabalhar sem querer ganhar um tostão; todos os dias, às seis da manhã, a mulher milionária, uma verdadeira dama, estava vestida, bem como a filha “senhorita”, ambas prontas para ajudar a sobrinha e prima por afinidade. E fazia três anos que lavavam copos e atendiam à freguesia, da manhã às nove e meia da noite, sem um dia de descanso. Neste livro, onde não há um fato que não seja inventado, nem uma só personagem à clef, onde tudo foi criado por mim segundo as necessidades do que pretendia demonstrar, devo confessar, em louvor de minha terra, que só os parentes milionários de Françoise, renunciando ao descanso, para ajudar a sobrinha sem arrimo, só eles são pessoas reais existentes. E persuadido de que sua modéstia não ficará ofendida, visto que jamais lerão este livro, é com prazer infantil e uma profunda emoção que, não podendo citar os nomes de tantos outros que devem ter agido da mesma forma, e graças aos quais a França sobreviveu, declaro aqui seu nome verdadeiro: eles se chamam Larivière, sobrenome aliás bem francês. Se houve gente infame que se furtou ao alistamento, como o arrogante rapaz de smoking que eu vira no estabelecimento de Jupien, e cuja única preocupação era saber se poderia contar com Léon às dez e meia “porque ia almoçar no centro da cidade”, essa gente era compensada pela multidão inumerável de todos os franceses de Saint-André-des-Champs, por todos os sublimes soldados aos quais igualo os Larivière.

Em Busca do Tempo Perdido, volume VII, O Tempo Redescoberto. Marcel Proust.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Trump escolheu os países errados? Não é bem assim.


72 terroristas condendados vieram de um dos sete países temporariamente bloqueados


De acordo com as informações compiladas por uma comissão do Senado americano, pelo menos 72 pessoas condenadas por crimes relacionados ao terrorismo desde os ataques de 11 de setembro de 2001 eram provenientes de algum dos sete países relacionados na ordem executiva de Donald Trump sobre imigração.

Em junho de 2016, a Subcomissão do Senado para Imigração e Interesse Nacional divulgou um relatório sobre pessoas condenadas em casos de terrorismo desde 2001. Usando fontes públicas, porque a administração Obama se recusou a prover registros oficiais, constatou-se que eram estrangeiros 380 dos 580 condenados pela Justiça no período, por terrorismo. Foi feita uma lista contendo o nome dos criminosos, data da condenação, filiação a grupo terrorista, acusações criminais, pena, estado de residência e histórico de imigração.

A partir desses dados, o Center for Immigration Studies (CIS), uma entidade independente que faz pesquisas sobre imigração para os Estados Unidos, encontrou 72 indivíduos condenados por terrorismo cujo país de origem está na lista da ordem executiva de Trump: Iêmen, Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão. Os pesquisadores do Senado não conseguiram obter informações completas sobre cada terrorista. Portanto, é possível que mais terroristas sejam originários desses países.

Os números por país são os seguintes:

Somália 20
Iêmen 19
Iraque 19
Síria 7
Irã 4
Líbia 2
Sudão 1
Total 72

Pelo menos 17 desses indivíduos chegaram à América como refugiados. Três entraram com visto de estudante e um com passaporte diplomático. 25 desses imigrantes se tornaram cidadãos americanos. Dez tinham permissão legal permanente de residência e quatro eram imigrantes ilegais.

Trinta e três foram condenados por crimes graves, como uso de uma arma de destruição em massa, conspiração para cometer um ato de terrorismo, apoio material a um terrorista ou a um grupo terrorista, conspiração para lavagem internacional de dinheiro, posse de mísseis ou explosivos e posse ilegal de arma automática.

Seguem alguns dados da lista dos 72 terroristas.

Nome País de origem Organização terrorista
Issa Dorch Somália Al-Shabaab
Basaaly Saeed Moalin Somália Al-Shabaab
Ahmed Nasir Taalil Mohammud Somália Al-Shabaab
Mohamed Mohamed Mohamud Somália Al-Shabaab
Mohamed Osman Mohamud Somália Al-Qaeda
Siavosh Henareh Irã Hezbollah
Mahamud Said Omar Somália Al-Shabaab
Manssour Arbabsiar (aka Mansour) Irã Qods Force (Iranian Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC)
Mohanad Shareef Hammadi Iraque Al-Qaeda in Iran (AQI)
Ahmed Hussein Mahamud Somália Al-Shabaab
Ahmed Abdulkadir Warsame Somália Al-Shabaab, Al-Qaeda in the Arabian Peninsula
Waad Ramadan Alwan Iraque Al Qaeda in Iraq (AQI)
Nima Ali Yusuf Somália Al-Shabaab
Mohamud Abdi Yusuf Somália Al-Shabaab
Amina Farah Ali Somália Al-Shabaab
Hawo Hassan Somália Al-Shabaab
Omer Abdi Mohamed Somália Al-Shabaab
Mohamed Mustapha Ali Masfaka Síria Holy Land Foundation for Relief and Development
Pirouz Sedaghaty Irã Al-Haramain Islamic Foundation
Abdel Azim El-Siddig Sudão Islamic American Relief Agency
Abdow Munye Abdow Somália Al-Shabaab
Ali Mohamed Bagegni Líbia Islamic American Relief Agency
Ahmad Mustafa Iraque Islamic American Relief Agency
Zeinab Taleb-Jedi Irã Mujahideen-e-Khalz (MEK)
Mohamed Al Huraibi Iêmen Hezbollah
Yehia Ali Ahmed Alomari Iêmen Hezbollah
Saleh Mohamed Taher Saeed Iêmen Hezbollah
Mohammed Ali Hasan Al-Moayad Iêmen Hamas
Mohammed Moshen Yahya Zayed Iêmen Hamas
Salah Osman Ahmed Somália Al-Shabaab
Mohammed Abdullah Warsame Somália Al-Qaeda
Wesam Al Delaema Iraque
Monzer Al Kassar Síria FARC
Emadeddin Muntasser Líbia Mujahideen-e-Khalz (MEK)
Nuradin M. Abdi Somália Al-Qaeda
Yassin Muhiddin Aref Iraque Ansar al-Islam
Saleh Alli Nasser Iêmen
Monassser Omian Iêmen
Sadik Omian Iêmen
Jarallah Wasil Iêmen
Elmeliani Benmoumen Iraque
Ahmed Hassan Al-Uqally Iraque
Abad Elfgeeh Iêmen Al-Qaeda and Hamas
Aref Elfgeeh Iêmen Al-Qaeda and Hamas
Ali Mohammed Al Mosalch Iraque
Omar Abdi Mohammed Somália
Rafil Dhafir Iraque
Numan Maflahi Iêmen Al-Qaeda
Ibrahim Ahmed Al-Hamdi Iêmen Lashkar-e-Tayyiba (LET)
Mukhtar Al-Bakri Iêmen Al-Qaeda
Enaam M. Arnaout Síria Al-Qaeda
Mohamed Albanna Iêmen
Nageeb Abdul Jabar Mohamed Al-Hadi Iêmen
Hussein Al Attas Iêmen Al-Qaeda
Mohadar Mohammed Abdoulah Iêmen Al-Qaeda
Nabil Al-Marabh Síria Al-Qaeda
Mohammed Husssein Somália Al-Qaeda
Mohammed Ibrahim Refai Síria
Omer Salmain Saleh Bakarbashat Iêmen
Hadir Awad Síria
Mustafa Kilfat Síria
Mohamed Abdi Somália
Kamel Albred Iraque
Haider Alshomary  Iraque
Wathek Al-Atabi Iraque
Hatef Al-Atabi Iraque
Fadhil Al-Khaledy Iraque
Mohammed Alibrahimi Iraque
Haider Al Tamimi Iraque
Ali Alubeidy Iraque
Alawai Hussain Al-Baraa Iraque
Mustafa Al-Aboody Iraque

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Está dando certo, continuem!



Ao longo do dia, muitas pessoas ligaram para o gabinete do presidente Michel Temer e do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, dando apoio à indicação de Ives Gandra Filho ao Supremo Tribunal Federal. No final do dia, as secretárias perguntavam para quem ligava "é para dar apoio ao Ministro Ives Gandra?"

Continuem, está dando certo! Liguem, mandem e-mails, assinem as petições, entrem no site Fale com o Presidente. Façam sua voz ser ouvida.

O Supremo Tribunal Federal não pode ter advogados de partidos e movimentos políticos em sua composição. Não pode ter Ministros que legislem ou que achem o Direito na rua. O Supremo precisa sim de Ministros que respeitem as leis e os fundamentos do Direito.

Sigam as postagens no Facebook de Taiguara Fernandes de Sousa, que iniciou esta campanha e fiquem bem informados.

Gabinete do Presidente Michel Temer
(61) 3411-1200

Gabinete do Ministro Chefe da Casa Civil
(61) 3411-1573 / (61) 3411-1935

Site Fale com o Presidente

Abaixo-assinados