quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Bibliotecas paulistanas perguntam a cor da pele dos usuários

Costumo levar meus filhos à biblioteca municipal do bairro, mas fazia alguns meses que não íamos lá. Voltamos a visitá-la neste sábado.

Existe um formulário que todos os usuários preenchem na entrada, informando nome, faixa de idade, escolaridade, bairro em que moram. Agora, mais duas informações são solicitadas: profissão e "raça".

Escrevo "raça" entre aspas porque não existem raças de pessoas. Quem tem raça é cachorro, cavalo, boi. E as raças animais são o resultado do trabalho humano, que as produziu por meio da seleção artificial de espécimes e cruzamentos sucessivos. Os seres humanos são misturados, felizmente.

O que a biblioteca chama de "raça" é a cor da pele. Não me lembro exatamente de quais eram as opções. Quando formos lá de novo, vou tentar fotografar o formulário.

Não sei qual é a intenção da Secretaria Municipal de Cultura em levantar essa informação. Não consigo imaginar utilidade para ela. Não acho que seja saudável classificar as pessoas pela cor da pele, seja na biblioteca ou em qualquer outro lugar. Existe racismo na nossa sociedade e o racismo deve ser combatido. A única forma que vejo para acabar com o racismo é convencer as pessoas de que as "raças" são uma ficção, sem base na realidade, e que todas as pessoas, independentemente da cor da sua pele, pertencem à raça humana. A iniciativa da Secretaria vai no sentido contrário.

Escrevi no formulário: "Essa pergunta é nazista!" Estou preparando algumas respostas para as próximas vezes:
- Zebu, Manga Larga, Chihuahua.
- Perguntem ao Conde de Gobineau.
- Perguntem a Josef Mengele.
- "Sonho com um mundo em que meus filhos sejam julgados por seu caráter, não pela cor de sua pele." Martin Luther King Jr.

Aceito sugestões para outras respostas.

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