sábado, 5 de abril de 2014

Por que Dinheiro Real É Indispensável

O Deus da Máquina, capítulo XVIII
Por que Dinheiro Real É Indispensável
Isabel Paterson


Moeda de ouro russa de 10 rublos, cunhada em 1898,
com a efígie do Czar Nicolau II.
Outra afirmação sobre a propriedade revela o nível mental primitivo dos coletivistas: a proposta de “abolir a herança de propriedade”. Uma vez que a propriedade é constituída de objetos tangíveis,1 só existem duas maneiras pelas quais a herança poderia ser abolida. Os objetos seriam destruídos ou declarados como não sendo mais propriedade, tendo seu uso impedido. A terra de um homem morto voltaria a ser selvagem. Povos primitivos ou bárbaros algumas vezes adotaram esse caminho, quando os bens e posses do falecido eram enterrados com ele e sua cabana queimada, ou quando o navio do viking se transformava em sua pira funerária, ou acampamentos antes ocupados eram abandonados.

O que os coletivistas pretendem dizer (mas não dizem, porque, se enunciassem explicitamente, não conseguiriam a simpatia de qualquer pessoa racional) é que, na ocasião da morte de um proprietário, o governo deveria tomar todas as propriedades que ele possuísse: uma expropriação gradativa que acabaria por confiscar todos os bens existentes no país depois de decorrido o tempo de vida natural de um ser humano. Nenhuma justificativa moral ou inteligível pode ser apresentada para explicar por que Hitler, Stalin ou qualquer outro governante deveria herdar o produto das economias, do trabalho e do cuidado de cada homem, em vez de a herança ir para sua mulher, seus filhos, ou qualquer pessoa a quem ele desejasse legá-lo; mas essa é a proposta. A morte e os impostos chegam de mãos dadas.

Os economistas que defendem o fiat money2 (papel-moeda não resgatável em ouro), ou então um sinal aritmético que chamam de “commodity dollar” (talvez porque não seja nem uma commodity nem um dólar),3 estão abaixo do nível mental dos selvagens. O selvagem usa os números, mas não chegou ao conceito abstrato. O defensor do fiat money se esqueceu de como usar os números.

Financistas e autoridades do Tesouro Britânico da época de Sir Isaac Newton perguntaram a ele por que a libra monetária tinha de ser uma quantidade fixa de metal precioso. Por que, na verdade, devia consistir de metal precioso, ou ter qualquer realidade objetiva? Uma vez que o papel-moeda já era aceito, por que não se emitirem notas que nunca seriam resgatadas? A razão pela qual a pergunta foi feita fornece a resposta; o governo estava altamente endividado e esperava encontrar uma maneira segura de ser desonesto. Mas Newton foi questionado como matemático, não como filósofo moral. Ele respondeu: “Cavalheiros, na matemática aplicada, é necessário descrever a unidade.” Papel-moeda não pode ser descrito matematicamente como dinheiro. Um dólar é uma determinada massa de ouro; isso é uma descrição matemática, por medição (massa). Um pedaço de papel com certas dimensões (comprimento, largura e espessura ou, em vez disso, massa) é um dólar? É claro que não. Um pedaço de papel de tamanho definido, mesmo com numerais e palavras de certo tamanho estampadas com uma dada quantidade de tinta, é um dólar? Não.

Moeda de ouro austríaca de 1915.
Aceitaram a palavra de Newton, possivelmente admitindo que o maior matemático de seu tempo devesse conhecer os fundamentos de sua ciência. Mas o fato de que aqueles homens educados ignoravam a primeira regra pela qual conduziam seu próprio negócio, comércio e finanças, e o fato adicional de que a resposta de Newton foi esquecida tantas vezes desde então, apesar das consequências desastrosas que isso trouxe a cada vez, indicam um gravíssimo problema na civilização.

A matemática é o idioma mundial da era da energia. Seu uso se estende muito além do uso do latim na Idade Média; além de expressar relações internacionais, também é o instrumento do pensamento prático e da comunicação na vida diária. Qualquer um que opere máquinas tem de pensar em relações matemáticas — tempo, velocidade, distância. Os homens que organizam e executam as tarefas práticas que fazem a civilização moderna funcionar — sejam motoristas de caminhão ou aviadores, mecânicos na linha de montagem, engenheiros ou gerentes industriais — pensam corretamente na linguagem prática da civilização moderna enquanto estão trabalhando. Se, com relação a seu trabalho, regredissem por um dia ao nível primitivo de inteligência, ao final desse dia o país inteiro seria um cenário de destroços.

Mas, se aqueles a quem foi confiada a direção geral e a organização política de um vasto sistema que depende completamente do conhecimento correto e do uso da linguagem matemática realmente não sabem, ou não entendem, a afirmação mais elementar nessa linguagem, como pode o sistema funcionar? Se os políticos e os financistas não acreditarem nem na lógica nem nas evidências de uma regra tão primária quanto dois mais dois são quatro, o que irá convencê-los?

A linguagem verbal de uma civilização avançada também é um instrumento de precisão. Quando as palavras são usadas sem definição exata, não pode haver comunicação além do nível primitivo. Se aqueles que supostamente expressam ou influenciam a “opinião pública”, os escritores, economistas, sociólogos e pedagogos, usam os conceitos da selvageria para pensar, qual pode ser o resultado?

O que é mais espantoso é que, quando os inimigos da civilização declararam abertamente sua intenção de destruí-la, de por em colapso o circuito de alta energia da Sociedade de Contrato, e explicaram como pretendiam fazê-lo, aqueles que serão destruídos executaram deliberadamente o programa de ruína. A ameaça explícita foi citada por John Maynard Keynes4: “Lenin estava certo. Não existe um meio mais sutil e eficaz de subverter a base existente da sociedade que perverter a moeda. O processo leva todas as forças escondidas das leis econômicas para o lado da destruição.”

Moedas de ouro búlgaras, cunhadas em 1912.
Os requisitos de uma moeda confiável são simples. Se cinco maçãs são trocadas por uma libra de queijo e o queijo por duas jardas de algodão e o algodão por dois galões de batatas e as batatas por duas horas de trabalho, por qual medida comum podemos computar esses itens diversos? Cada um deles vale o mesmo que qualquer outro e todos juntos valem cinco vezes o que vale cada um; mas não significa nada dizer que cada um vale um ou que todos juntos valem cinco. Um o quê? Cinco o quê? Coisas que são iguais a uma mesma coisa são iguais entre si. Como os itens podem ser trocados entre si, devem ser iguais; mas em que termos? Não em libras, jardas ou horas; são iguais em valor. Então, o que se deseja é uma unidade de valor para computá-los. Qualquer desses itens poderia ser escolhido como unidade de valor, se a sequência de transações fosse considerada encerrada no ato. Mas são bens perecíveis e foram considerados como quantidades fixas. O comércio comum precisa continuar numa sequência infinita através do tempo e da distância, incluir quantidades variáveis de matérias-primas existentes na natureza, o trabalho aplicado a elas e o uso final, consumo ou posse inativa.

Portanto, o que se deseja é um meio de troca, algo pelo qual tudo o mais possa ser trocado, de maneira que participe de todas as transações como a unidade de valor, e sirva para um número indeterminado de transações, um uso infinito. Se a libra de queijo tivesse sido trocada por certa massa de metal precioso, um dólar, e o dólar por duas jardas de tecido e, então, novamente, por dois galões de batatas e, novamente, por duas horas de trabalho e, outra vez, por cinco maçãs, cada item valeria um dólar e todos juntos valeriam cinco dólares. Se todos os bens fossem consumidos, o dólar permaneceria, para dar continuidade à sequência de trocas. Além disso, se um homem que possuísse bens perecíveis, digamos maçãs, não quisesse nenhum outro bem imediatamente, poderia trocar suas maçãs por dinheiro, e o dinheiro manteria o valor, permitindo que ele comprasse uma saca de farinha no ano seguinte; embora o trigo que se transformou na farinha ainda não tivesse sido plantado quando o homem vendeu as maçãs. É esse o uso do dinheiro. Facilita a troca imediata; é um repositório de valor; e permite que trocas sejam feitas através do tempo no longo circuito de energia.

O uso das coisas depende de suas qualidades intrínsecas. Queijo é comestível. Couro é usado para sapatos porque é maleável, resistente e durável. Portanto, o material a ser usado como dinheiro deve ser durável, divisível, incorruptível, fácil de levar, difícil de imitar e encontrado na natureza em quantidade suficiente, porém limitada. Somente os metais preciosos atendem a esses requisitos intrínsecos. Nunca existe “dinheiro suficiente” na Sociedade de Status. A economia livre produz seu dinheiro assim como produz aço, indo a campo e procurando, desenterrando o minério do chão. Não é por acaso que a oferta de dinheiro real aumentou conforme aumentou a produção de bens; os métodos avançados de produção permitiram que o metal fosse obtido com lucro a partir do minério bruto de baixo valor. De qualquer maneira, a quantidade de ouro disponível é sempre limitada.

O valor do ouro não foi nem é estabelecido por fiat, da mesma maneira que o valor do queijo, ou do algodão ou do couro não foram determinados por fiat. Se uma moeda de ouro da República Romana fosse desenterrada hoje, teria seu valor original mantido, embora a República Romana tenha perecido há dois mil anos. O mesmo para um rublo de ouro russo cunhado pelos czares ou uma moeda de ouro da Alemanha ou da França datadas de antes de 1914, embora o último czar tenha sido fuzilado num porão, o último imperador alemão tenha fugido do país e morrido no exílio e a França tenha sofrido invasão e conquista. Mas o papel-moeda da Rússia, da Alemanha ou da França de antes de 1914 hoje é inútil.

Um dólar é uma quantidade determinada de ouro. Não é questão de opinião; é assim por definição e por lei, estatuto federal. Todo o ouro mantido pelo governo pertence por direito e por lei aos cidadãos individuais, que o colocaram lá como depósito originalmente; assim como o dinheiro numa conta bancária privada pertence ao depositante. Uma cédula de dólar é um certificado de depósito, um recibo de armazém dado em troca de um dólar. O valor está no metal depositado, assim como o valor indicado em qualquer recibo de armazém é expresso nos bens que ele registra. Se os bens não existem, ou são destruídos, ou não serão entregues, o papel não tem valor. Foi o que aconteceu na Alemanha quando o papel-moeda era impresso embora não houvesse ouro para resgatá-lo; e uma carroça cheia de papel-moeda não era suficiente para comprar um ovo. Cheques também não são dinheiro; são promessas de pagamento em dinheiro. Se assim não fosse, qualquer um poderia fazer um cheque e obter bens em troca de nada.

Se alguém disser que qualquer coisa serve como dinheiro, desde que as pessoas aceitem, vamos perguntar por que as pessoas não aceitam “qualquer coisa”? Ofereça ao homem que diz “qualquer coisa serve como dinheiro” um punhado de pedrinhas em pagamento de uma dívida.

A necessidade absoluta de dinheiro real, com sua unidade em metal precioso, para qualquer sequência extensa de trocas, foi provada exatamente pelos teóricos que afirmaram que isso é mera convenção e pela nação cujos agentes ainda divulgam propaganda, para convencer outras nações que ela deseja destruir, de que uma “moeda gerenciada”, que consiste unicamente em papel pintado, é tão boa quanto o dinheiro real ou até melhor que ele. Os comunistas e outros defensores da propriedade governamental alegaram, por mais de um século, que vales-trabalho seriam o meio de trocas “justo” e que o dinheiro real era um dispositivo capitalista para explorar os trabalhadores. Então, experimentaram seu próprio plano na Rússia comunista e não conseguiram fazê-lo funcionar nem mesmo usando o terror e a fome. Não porque o povo não aceitasse os “vales-trabalho”; os pobres coitados foram obrigados a aceitá-los; simplesmente, não é possível fazer a aplicação necessária da aritmética aos bens e ao trabalho sem dinheiro real. Na matemática aplicada, é necessário descrever a unidade. A Rússia comunista teve de voltar à unidade ouro.

Por que nem mesmo o trabalho escravo e a transferência forçada de bens podem ser executados com vales-trabalho no lugar de dinheiro real? Basta seguir as transações até o final para descobrir por quê. Na verdade, se um único dono de escravos possuísse terra com recursos naturais para suprir todas as necessidades e escravos para realizar todo o trabalho de produção, poderia distribuir os escravos como quisesse, mas não precisaria de vales-trabalho. Mas suponhamos que dez homens, escravos ou livres, devam trabalhar para cultivar trigo em determinado campo. É perfeitamente possível dividir o produto pelos vales correspondentes ao número de horas de trabalho. Então, suponhamos que outros dez homens trabalhem no campo ao lado, cultivando beterrabas; a mesma divisão pode ser feita. E uma porção de uma hora-trabalho de trigo poderia ser trocada por uma porção de uma hora-trabalho de beterrabas. Mas a quantidade de trigo ou beterrabas que um vale de uma hora-trabalho representa foi estabelecida apenas para produtos determinados em campos determinados naquela safra. Em outros campos, beterrabas ou trigo cultivados por outros grupos resultariam em diferentes quantidades por hora-trabalho. Além disso, quando o trigo fosse para o moinho ou as beterrabas para a fábrica de açúcar, mais horas de trabalho teriam de ser incluídas, sem contar as horas de trabalho representadas pelo maquinário. Então, qual a quantidade de bens que um vale de uma hora-trabalho poderia representar? O plano inteiro é impossível. Somente um coletivista poderia ser tão idiota para imaginar um sistema assim. Na matemática aplicada, é necessário descrever a unidade. Com uma unidade de valor de ouro, horas de trabalho e material e depreciação do maquinário e tudo que faz parte do processo inteiro podem ser calculados por uma medida comum; e devem ser calculados de alguma maneira, para permitir que qualquer coisa seja levada do campo para a fábrica e dali para a loja; assim, os preços dos bens mostrarão o que pode ser comprado por qualquer quantia em dinheiro determinada.

Mas se o papel-moeda não é realmente resgatado quando solicitado em dinheiro real (ouro), se o cidadão não tem como recuperar a posse de sua propriedade quando apresenta o certificado de depósito, porque os ocupantes imediatos dos cargos políticos, membros do governo, se recusam a obedecer à lei (como têm se recusado), então que diferença faz se o ouro realmente existe ou não? Que diferença faria se todo o ouro do mundo desaparecesse completamente, se dissolvesse no ar, ou fosse afundado em um ponto desconhecido no meio do oceano? Ou, se só existisse um dólar de ouro para ser descrito como a unidade de trocas, isso não serviria?

Existe nessa pergunta — que tem sido feita por gente que não deveria cair nesse truque — uma premissa implícita de que o confisco e sequestro do ouro pelos governos não faz ou não precisa “fazer diferença nenhuma”. Se isso é verdade, porque os governos confiscam o ouro? A menos que essa ação seja atribuída a um tipo de estupidez criminosa, semelhante a de desocupados de rua que roubam coisas aleatoriamente, obviamente isso deve fazer diferença.

Provavelmente, a maioria das pessoas não percebe a diferença entre suspender temporariamente o pagamento do ouro e confiscar o ouro; embora a diferença seja a mesma entre um banco suspender seus pagamentos e um banqueiro tirar do bolso de um depositante o que sobrou lá depois que o banco quebrou. Quando o dinheiro é depositado em um banco, existe o risco contingente de que o banco não consiga pagar imediatamente quando solicitado. Isso é moratória. O banco possui ativos que podem ser vendidos para pagar os depositantes. O cidadão que possui uma nota de dólar tem dinheiro real depositado no governo. Alguém levou minério de ouro à Casa da Moeda; por lei, ele tem o direito de receber moedas na mesma quantidade menos uma pequena porcentagem correspondente ao custo de cunhagem. Mas em vez de levar o dólar real, alguém aceitou um certificado de depósito. O governo nunca foi dono de ouro nenhum; recebeu permissão de guardá-lo até que fosse solicitado. Como o governo também toma emprestadas grandes quantias em títulos e gasta o dinheiro, se muitas pessoas quiserem seu dinheiro de volta ao mesmo tempo, o governo não será capaz de pagar; estará em moratória. O governo não possui ativos para cobrir suas dívidas; a propriedade governamental não renderia muito dinheiro se fosse vendida, porque não é produtiva; e, além disso, o credor não tem como solicitar o pagamento ao sacador ou endossante. A contingência da suspensão dos pagamentos em ouro pelo governo é inevitável enquanto for permitido aos governos emitir papel-moeda e tomar dinheiro emprestado. São poderes intrinsecamente perigosos; mas há duvidas de que essa questão ainda será analisada de maneira inteligente; ou, pelo menos, isso só vai acontecer enquanto os homens aprenderem a pensar de maneira mais corajosa. No presente, considera-se como um fato que os governos devem ter esses poderes, assim como antigamente se considerava que os reis e os nobres deviam ter certos poderes que foram abolidos nas repúblicas. Seja como for, se os governos confiscam o ouro, isso faz diferença imediatamente. A existência desse monopólio do ouro, mantido à força, é o que tornou inevitável a Segunda Guerra Mundial. Ele permite que governos como o da Alemanha e o da Rússia subvertam a economia privada, transformando-a numa máquina de guerra e deixando impotentes os cidadãos. O método pelo qual o objetivo clandestino é alcançado é uma abstração permanente do valor do dinheiro e um aumento da dívida nacional por meio de empréstimos bancários.5

Outra vez, que diferença faz se o ouro existe ou não, uma vez que foi expropriado pelo governo?

Tomemos os governos como testemunhas. Mesmo na Rússia, quando os comunistas diziam que o ouro era mera convenção e que não o usariam, tomaram o cuidado de confiscar o ouro mesmo assim. O pretexto oferecido pelos teóricos do papel-moeda é que as pessoas simplesmente estão acostumadas ao ouro e insistem em usá-lo apenas por hábito; portanto, é necessário tomá-lo das pessoas para o bem delas. É claro que nenhum governo conseguiria tomar posse de todo o ouro do mundo, afundá-lo no mar e fechar todas as minas de ouro; mas um governo conseguiria proibir o ouro, afundar todo o ouro que houvesse no país e impedir a entrada de mais. Seria muito mais fácil fazer isso que proibir o álcool, porque o ouro não pode ser fabricado. Por que o governo guarda o ouro, depois de tê-lo tomado à força de seus proprietários?

Porque o dinheiro de verdade é indispensável; os valores de troca, os preços, são estabelecidos pela quantidade total de ouro existente. De maneira aproximada, se houvesse em uma troca cinquenta libras de açúcar e dez libras de manteiga, cinco libras de açúcar seriam dadas em troca de uma libra de manteiga; uma quantidade dividida pela outra. Como o ouro é o meio de troca, as quantidades de bens são divididas pela quantidade de ouro (dólares), para encontrar o preço. O processo no comércio geral é imensamente complicado pelos diversos tipos de bens, a oferta e a demanda variáveis, as distâncias que acrescentam custo de transporte, e as trocas assíncronas; mas a quantidade total de ouro é sempre o determinante dos preços, pela comparação de quantidades. Se só existisse um único dólar de ouro, ele não poderia ser usado como a unidade de valor, porque não haveria um número para ser o divisor. Quantas notas de papel deveriam ser impressas? Uma? Uma quantidade ilimitada? Não haveria um número adequado. Se os sonhos antigos dos alquimistas fossem realizados, de maneira que o ouro pudesse ser fabricado em quantidade ilimitada, ele também teria se tornado inútil como meio de trocas.

Houve uma vez um governo que realmente proibiu o ouro e não guardou nenhum metal consigo, na crença de que o ouro era ruim para o povo. Foi o governo de Esparta. Mas os espartanos acreditavam que conforto, conveniência e atividade eram ruins e que o trabalho era ignóbil. Os espartanos usavam o ferro como moeda, porque ninguém seria capaz de carregar uma quantidade suficiente de ferro para o comércio geral. A intenção era manter a nação pobre, manter os cidadãos no nível da economia de subsistência. O plano foi um completo sucesso. É exatamente o que a proibição do ouro produz; reduz a nação a um nível paralisado de pobreza e a mantém nessa condição. Mas os governantes de Esparta também desejavam permanecer pobres eles mesmos. Não usufruíam mais luxo que qualquer outro espartano; não mais que os próprios escravos que faziam o trabalho. Mas, mesmo em Esparta, onde a comida era distribuída pelo governo num sopão geral, alguma coisa precisou ser usada como dinheiro e esse material teve de ter valor intrínseco.

Os déspotas modernos não desejam ser eles mesmos pobres. Desejam arrebatar todo o luxo que uma economia industrial pode fornecer. O que desejam é manter pobres os produtores, tomando deles o produto e distribuindo de volta uma pequena parcela para subsistência. É por isso que os governos confiscam e guardam o ouro.

Quando o papel-moeda é desvalorizado, a diferença tem de vir de algum lugar; e o principal corte é nos salários. O fato é que qualquer gasto governamental pesado tem de ser tomado do salário dos trabalhadores; não há outra fonte possível. Mas a desvalorização da moeda sai dos salários imediatamente; seja o que for que um trabalhador recebe em seu envelope de pagamento, esse valor simplesmente vai comprar muito menos bens. De maneira recíproca, o aumento da produção eleva os salários mesmo que o valor em dinheiro seja o mesmo; ele vai comprar mais.

Além da perda imediata, o trabalhador deixa de ter um repositório de valor. Não importa o quanto ele ganhe, não conseguirá economizar uma parte para o futuro, se o dinheiro estiver em papel-moeda que se desvaloriza. O dinheiro real é o único meio pelo qual o trabalhador pode ter alguma independência. É por isso que faz diferença os governos confiscarem o ouro. Isso torna o trabalhador impotente. Ele só pode viver com o que ganha no momento, com a expectativa de ganhar cada vez menos, conforme passa o tempo. Em nenhum lugar do mundo, nenhum trabalhador ficou em melhor situação depois que o governo confiscou o dinheiro real. Isso é verdade até para os trabalhadores de alta renda nos Estados Unidos; se o trabalhador possui bens, eles estão se desvalorizando — seu carro, por exemplo — e ele não sabe quando ou como poderá comprar outro. Se ele tem um seguro, não sabe que quantia será efetivamente paga por ele.

Numa economia de livre iniciativa, os produtos colocados inicialmente no mercado como artigos de luxo tendem continuamente a chegar ao alcance de todos e passam então a ser considerados necessidades. Esse é um benefício da existência de fortunas privadas consideráveis, que devem ser investidas para gerar receitas, o que significa aumentar a produção. A margem restante será gasta em coisas inventadas recentemente que ainda são caras, mas capazes de ser melhoradas e produzidas a um custo menor. O processo completo é mais evidente no caso do desenvolvimento dos automóveis de uso geral. Contada em detalhes, a história tem elementos de comédia. Primeiramente, vários inventores e engenheiros montaram um aparelho grande e desajeitado que ninguém iria querer, a não ser para satisfazer seu interesse pela mecânica. Então, o automóvel foi “aperfeiçoado” e se transformou num artigo de luxo; ou seja, ainda era caro, inconveniente e sem utilidade prática, porque não havia estradas adequadas, postos de combustível ou oficinas mecânicas; o carro tinha grandes chances de deixar seu dono na mão a uma grande distância de casa, sendo ridicularizado. Esses eram carros para diversão! Compradores ricos pagavam pelo período de experimentação, primeiro entrando com o capital (do qual uma parcela enorme sumia sem retorno), e então comprando os carros. Em seguida, vários homens inventivos pensaram que podiam fazer carros mais baratos. Nesse processo, aqueles que investiam tempo e dinheiro eram impelidos a continuar, na esperança de conseguir retorno. Assim, os ricos apoiaram a indústria nascente, até que os carros fossem suficientemente bons para pessoas de renda moderada. Quando o carro barato passou a ser produzido em massa, o fabricante percebeu que teria de ter um grande mercado correspondente. Para o trabalhador comprar um carro, os salários deveriam ser maiores. O fabricante aumentou o salário voluntariamente, e assim forçou outros empregadores a fazer o mesmo. Onde, nessa sequência, algum governo poderia provocar o mesmo estímulo? Em lugar nenhum. Mas que isso, se a moeda tivesse sido desvalorizada naquele período, o processo teria parado, porque o aumento nos salários reais era necessário, em conjunto com a redução de custos materiais. Num dado momento, a maior parte do capital do fabricante de uma indústria em crescimento é a sua matéria-prima; se ele não puder repor o estoque pelo mesmo custo, terá de elevar o preço do produto. Ao mesmo tempo, se o custo aumenta pela desvalorização da moeda, os salários reais caem, e o mercado acaba; ninguém tem dinheiro para comprar o produto. A produção tem de parar.

Mas a mais perigosa falácia envolvendo dinheiro apresentada recentemente pretende encontrar um argumento válido no jogo de guerra alemão. Foi expressa de diversas maneiras, mas a formulação a seguir engloba todos os pontos relevantes.

Ela diz que a Alemanha está “vencendo a guerra porque luta usando uma economia industrial e de engenharia”, enquanto os Aliados “lutam usando uma economia financeira”.6 Também diz que “Thorstein Veblen7 sabia tudo sobre” essa economia e que “na Alemanha, Walther Rathenau8 tentou colocá-la em prática” primeiro. Chamam esse processo de “tirar o pesado pé financeiro dos freios e deixar o maquinário produtivo funcionar livremente… Máquinas libertadas sempre vencerão o dinheiro libertado.”

O nível mental de selvageria é mais uma vez evidente pelos termos usados: são animistas. Um selvagem poderia, ao ver uma máquina motorizada, pensar que fosse um tipo de gênio em uma garrafa, uma criatura escravizada. Mas a ideia não tem sentido. Uma máquina não pode nem ser escravizada, nem libertada; esses termos se aplicam apenas a seres humanos. É verdade, entretanto, que Rathenau fez tudo o que pôde para organizar a Alemanha, de maneira que ela fosse obrigada a ir à guerra, querendo ou não. (Rathenau pensava que somente o governo deveria ter tanto poder. O poder que ele ajudou a dar ao governo expropriou, exilou e matou judeus na Alemanha; eles devem seu infortúnio, em grande parte, a alguém de sua própria raça. É pouco provável que esse fato seja reconhecido algum dia.)

Mas de que tipo de economia a Alemanha de fato está vivendo?

Todos os recursos que a Alemanha usa na guerra foram produzidos por uma economia financeira. O maquinário foi inventado numa economia financeira; a Alemanha foi equipada com fábricas, a ciência da Química foi desenvolvida, técnicos foram treinados por uma economia financeira. Enquanto se preparava para a guerra, a Alemanha pegou emprestado todo o dinheiro que pôde, comprou a crédito todos os bens que pôde e não pagou. Esses recursos foram roubados das economias financeiras. A ação dos governos estrangeiros foi o que permitiu que a Alemanha roubasse em tão grande escala. Por três anos seguidos, a Alemanha “comprou” a produção anual de lã da África do Sul, pela intervenção do governo sul-africano que “financiou” o negócio; a lã se transformou em uniformes para o exército alemão; e a Alemanha nunca pagou. Foi um prejuízo completo para os produtores que acharam que o governo estava patrocinando um bom negócio para eles!

Os nazistas assumiram o controle de uma economia que possuía agricultura e indústria, ambas usando maquinário e dinheiro. O governo comunista na Rússia fez o mesmo. Além disso, na Rússia, todo o maquinário moderno havia sido fornecido por economias financeiras estrangeiras e pago (até quando foi pago) em ouro. Em ambas, Alemanha e Rússia, dinheiro real ainda é usado; e ambos os lados combatem usando a produção de uma economia financeira. Que tipo de economia eles criaram?

Se um bandido rende o dono de um automóvel ameaçando-o com um revólver, leva o carro e sai dirigindo, e então consegue gasolina, manutenção e o que mais precisar pelos mesmos meios, de que tipo de economia ele está vivendo? Se um número suficiente de bandidos tomasse a economia inteira da mesma maneira, mas “legalizasse” esse ato chantageando tribunais e legislaturas; e se também “pagassem” pelo que tomaram em papel-moeda, na quantia que quisessem, que tipo de economia isso seria?

Em uma usina elétrica, existe um gerador e outros equipamentos para a conversão e transmissão de energia. Pode ser uma hidrelétrica ou uma termoelétrica; no segundo caso, o fornecimento de combustível deve ser contínuo e, em qualquer caso, existe a manutenção. Conforme a energia é utilizada, o medidor registra para onde ela vai. Os consumidores pagam por ela; e o dinheiro traz de volta os suprimentos necessários; os valores em dinheiro também são uma métrica. Um selvagem, observando que as operações são executadas com a preocupação constante com esses dois registros, poderia dizer: Por que vocês não tiram os medidores e param de se preocupar com o dinheiro? Assim vocês poderiam usar toda a energia que quisessem. Liberem o gênio da garrafa, em vez de pará-lo como vocês fazem, aqui e ali; tudo está preso.

Uma pessoa desonesta poderia introduzir fios ocultos para roubar parte da corrente sem indicação do medidor; ou poderia fazer lançamentos falsos nas contas financeiras.

Que tipo de economia seria esse?

Uma economia industrial e de engenharia é uma economia financeira. Não pode funcionar de outra maneira. Um bandido obviamente pode dirigir um carro roubado por algum tempo, mas isso não significa que ele desenvolveu uma economia de engenharia. Ele está vivendo de uma parte roubada do capital de uma economia industrial, de engenharia e financeira. A Alemanha está vivendo do capital roubado do exterior, e do capital da Europa, saqueado pela força militar. A Rússia está vivendo do capital confiscado da indústria que existia quando os comunistas tomaram o poder e do maquinário fornecido por economias livres no exterior, particularmente os Estados Unidos. Parte dele foi paga em dinheiro; parte foi simplesmente dada à Rússia, à custa da economia livre.

Quando os índios conseguiam armas de fogo com os homens brancos e usavam essas armas para conseguir comida caçando, de que tipo de economia eles viviam? Quando os militares turcos confiscaram os lucros dos comerciantes e o produto dos fazendeiros conquistados para usá-los na guerra, de que tipo de economia estavam vivendo? Seria uma economia militar? É claro que não. Era uma economia agrícola e comercial. Eles usaram os lucros para a guerra e por algum tempo foram vitoriosos; mas estavam consumindo o capital e a economia decaiu.

A ideia de Veblen, como citado, era que “a associação de engenheiros, apoiada pelas legiões concentradas e calejadas dos trabalhadores da indústria, deveria proibir a propriedade privada do maquinário de produção e fazê-lo funcionar em sua capacidade máxima”.

Como? Eles assumiriam o controle das máquinas existentes? Mas por que eles deveriam fazer isso? Máquinas existentes tem vida curta. Teriam de ser substituídas em pouco tempo. Se pudessem ser substituídas — novas máquinas construídas — sem preocupação com o dinheiro, qual a vantagem de roubar máquinas usadas? Por que os “engenheiros e as legiões concentradas e calejadas” não fariam o que precisassem — sem dinheiro? Não existe moto perpétuo; eles precisariam dar a partida. Depois disso, é claro que tudo continuaria funcionando. O que é mais curioso é que mesmo que esse absurdo seja admitido, não há dúvida de que o plano poderia ser iniciado com uma pequena quantia de dinheiro. Henry Ford tinha muito pouco dinheiro quando começou. Será que a “associação de engenheiros e legiões concentradas e calejadas” juntos não seria mais esperta que um único mecânico de meia idade, numa cidadezinha de Michigan?

A verdade é que não são. Nenhum grupo é tão inteligente quanto um indivíduo. Nenhum grupo, enquanto grupo, tem inteligência nenhuma; toda a inteligência está nos indivíduos.

E o dinheiro é o meio pelo qual a inteligência dos indivíduos pode ser reunida em livre cooperação, em grandes empresas produtivas. O dinheiro é o único meio pelo qual as máquinas podem ser inventadas ou usadas. O que os engenheiros e operários podem conseguir sob a propriedade estatal (que é a única maneira de proibir a propriedade privada) é construir as pirâmides, pesadas e inúteis massas de rocha empilhadas como memorial dos Veblens de uma era antiga. Heródoto conta, centenas de anos mais tarde, que “os egípcios detestavam tanto a memória daqueles reis (construtores das pirâmides) que não gostavam nem mesmo de mencionar seus nomes”.

Mesmo antes da rendição completa da Alemanha ao poder do governo, técnicos e engenheiros alemães não conseguiam se igualar a seus colegas nos Estados Unidos na pesquisa e desenvolvimento de recursos naturais. (Os Estados Unidos eram a grande economia financeira do mundo, com terras e bens no mercado.) Propriedade privada, dinheiro, liberdade, engenharia e indústria formam um único sistema; são os componentes de um longo circuito de alto potencial de energia. E quando um elemento é retirado, o restante necessariamente desmorona, para de funcionar.

1 A propriedade em direitos autorais se refere a objetos tangíveis, reproduções; com os direitos autorais de uma música, o direito também se efetiva quando essa música é tocada em troca de remuneração, sendo a remuneração tangível. (N. da A.)

2 Fiat money: dinheiro cujo valor vem de uma lei ou regulação governamental. O termo deriva da expressão latina fiat (“faça-se”). Depois da Segunda Guerra Mundial, o acordo de Bretton Woods estabeleceu um sistema mundial de moedas lastreado no dólar americano, enquanto o dólar americano era lastreado em ouro. Richard Nixon aboliu o lastro em ouro do dólar em 1971. Desde então, todas as moedas de reserva tornaram-se fiat money, inclusive o dólar e o euro. (N. do T.)

3 O “commodity dólar” supostamente é determinado por uma equação de trocas numa “escala deslizante” para um dado período. Qualquer que seja o processo, se fosse aplicado, unidades quantitativas fixas de medida teriam de ser usadas; e quantidades de bens de diferentes tipos só poderiam ser consideradas equivalentes a uma unidade fixa de valor, um dólar real. Aparentemente, a ideia era variar o conteúdo hipotético do dólar periodicamente pela equação encontrada nas trocas anteriores; talvez, somente com papel-moeda em circulação. É impossível extrair um sentido lógico dessa teoria. Se todas as unidades de medida são, em primeiro lugar, determinadas arbitrariamente, embora agora fixadas por lei, obviamente podem ser alteradas por lei. O mesmo comprimento de algodão poderia ser chamado de uma polegada num dia, um pé no dia seguinte, e uma jarda no outro; a mesma quantidade de metal precioso poderia ser denominada dez centavos hoje e um dólar amanhã. Mas o resultado líquido seria que números usados em dias diferentes não significam a mesma coisa; e alguém teria um pesado prejuízo. O argumento apresentado para um “commodity dólar” era que um dólar real, de quantidade fixa, não compra sempre a mesma quantidade de bens. É evidente que não. Se não houvesse um meio de valor, se não houvesse dinheiro, uma jarda de algodão ou uma libra de queijo também não seriam trocados por uma quantidade fixa invariante de nenhum outro bem. Foi dito que um dólar sempre deveria comprar a mesma quantidade de qualquer descrição de bens. Não comprará e não pode comprar. Isso só poderia acontecer se o mesmo número de dólares e as mesmas quantidades de bens de todos os tipos estivessem sempre existindo para serem trocados, sempre na mesma proporção da demanda; se considerarmos que existe produção e consumo, ambos devem ser sempre iguais, para que um compense o outro. O dinheiro é a equação num sistema de produção e trocas. Foi sugerido (por Muriel Rukeyser, em “Willard Gibbs: American Genius”) que o Professor Irving Fisher, um dos principais defensores do “commodity dólar”, tentou aplicar à economia o método Gibbs de Análise Vetorial (aplicado na Regra de Fase à Termodinâmica “para interpretar fenômenos físicos”). Mas a Análise Vetorial ou a Regra de Fase não mudam nenhuma unidade de medida. A própria Muriel Rukeyser cita uma grande autoridade no assunto, Dr. W. R. Whitney (da General Electric), que se refere a “esse grupo de expressões matemático-físicas de fatos medidos, que Gibbs coordenou de maneira tão científica”. A unidade fixa de medida para os fatos é um pré-requisito da teoria de Análise Vetorial; e a correta aplicação do método depende necessariamente das mesmas unidades de medida sendo mantidas por todo o tempo. Se a unidade de medida mudasse entre as operações, seria impossível passar de um conjunto de cálculos para o seguinte. A falácia do “commodity dólar” foi completamente desmascarada há alguns anos. (N. da A.)

4 John Maynard Keynes (1883 - 1946): economista britânico que fundou a escola de pensamento econômico chamada keynesianismo, caracterizada por forte intervenção do governo na economia, controle governamental do valor da moeda e tentativas governamentais de induzir o crescimento econômico por meio da redução das taxas de juros e desestímulo à poupança (N. do T.).

5 Quando a França quebrou por causa da Bolha do Mississípi, “os agentes da Mississipi Company foram investidos do poder de fazer buscas nas casas e confiscar todo o dinheiro cunhado que encontrassem… Também foram impostas multas pesadas. É espantoso que as pessoas tenham suportado essa opressão com tanta paciência.” (Saint-Simon) (N. da A.)

6 Carl Dreher (que também cita Dorothy Thompson) na Harper's Magazine. (N. da A.)

7 Thorstein Veblen (1857 – 1929): economista e sociólogo americano. Foi um crítico popular do capitalismo e defendia a propriedade estatal da indústria. (N. do T.)

8 Walther Rathenau (1867 – 1922): industrial, político, escritor e estadista alemão, foi Ministro das Relações Exteriores da Alemanha durante a República de Weimar. (N. do T.)

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