domingo, 31 de dezembro de 2017

Robert Spencer: Será o Fim da República Islâmica?

Traduzi este texto de Robert Spencer, sobre as manifestações no Irã, publicado em 30/12/2017. O original está aqui: https://pamelageller.com/2017/12/end-islamic-republic.html/

Aiatolá Ali Khamenei

É impossível dizer agora qual será o resultado dos protestos em massa que varrem o Irã, mas é inegável que eles são cruciais, apesar do tratamento que vêm recebendo da imprensa ocidental do establishment. Já levaram a Polícia de Teerã a anunciar que não mais irá forçar a obediência aos códigos de vestimenta feminina que foram impostos depois da Revolução Islâmica de 1979, e mais pode estar por vir, inclusive a queda do próprio regime islâmico — embora os mulás estejam mobilizando seus militares e não irão embora sem luta.
O que quer que haja a seguir, o que já houve é extraordinário. Ao contrário dos protestos do Movimento Verde de 2009, nos quais alguns manifestantes gritaram “Allahu akbar”, sinalizando que tudo o que queriam era a reforma do regime islâmico e não o fim do próprio regime, os manisfestantes dos últimos dias foram claros, repetindo: “Não queremos uma república islâmica!” e “Clérigos são uma vergonha, libertem nosso país!” Alguns até cantaram: “Reza Xá, Deus abençoe sua alma!”
Reza Xá Pahlavi foi o xá do Pérsia entre 1925 e 1941 e pai de Mohammed Reza Pahlavi, xá que foi derrubado pela Revolução Islâmica de 1979. Reza Xá admirava a Turquia de Ataturk e colocou o Irã num caminho semelhante de ocidentalização e secularização. Ao cantarem isso, os manifestantes enfatizam que não querem uma república islâmica e provam mais uma vez que estes protestos não são apenas sobre corrupção governamental ou custo de alimentos.
Uma coisa é certa: estas manifestações já teriam terminado, ou nem teriam começado, se Hillary Clinton fosse presidente dos Estados Unidos neste momento. Confrontado com as manifestações de 2009 que não chegaram ao ponto de exigir tanto, Barack Obama traiu os manifestantes para todos os destinos terríveis que os mulás puderam conceber para eles nas câmaras de tortura. Determinado a concluir o desastroso acordo nuclear que forrou os bolsos de seus opressores com bilhões e colocou o mundo no caminho de um ataque nuclear catastrófico, Obama fez com que o governo dos Estados Unidos não mexesse um dedo, nem oferecesse uma palavra de apoio aos manifestantes, mesmo quando eram abatidos a tiros nas ruas.
Quanta diferença faz uma eleição presidencial! Trump defendeu com força os manifestantes, tuitando: “Muitos relatos de protestos pacíficos de cidadãos iranianos cansados da corrupção do regime e de seu desperdício da riqueza nacional para financiar terrorismo no estrangeiro. O governo iraniano deveria respeitar os direitos de seu povo, inclusive o direito de se expressar. O mundo está vendo!”

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse: “Os líderes do Irã transformaram um país próspero com uma história e uma cultura ricas em um estado delinqüente economicamente esgotado cujas principais exportações são de violência, derramamento de sangue e caos. Como disse o presidente Trump, as vítimas dos líderes iranianos que há mais tempo sofrem são os próprios cidadãos iranianos.” 

O presidente Trump já deixou claro de muitas maneiras, a mais notável sendo o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, que tem a fibra que seus predecessores não tinham de enfrentar intimidações violentas, em vez de ceder a elas. Clinton, Bush e Obama, todos falaram sobre Jerusalém ser a capital de Israel, mas recuaram de reconhecer o fato como política oficial dos Estados Unidos, por medo de que os muçulmanos causassem tumultos e matassem pessoas inocentes e temendo também que esse reconhecimento comprometesse o quimérico e infrutífero “processo de paz”.
Trump, ao contrário, pegou o touro à unha, da mesma forma que fez ao enfrentar uma imprensa do establishment disposta a desacreditá-lo e destruí-lo, e um establishment político democrata e republicano determinados a fazer o mesmo. É um raro homem de coragem e a coragem inspira. Os iranianos que arriscam sua liberdade e sua própria vida para também enfrentarem intimidação violenta e tomarem as ruas por todo o Irã nos últimos dias estão, da mesma forma, demonstrando imensa coragem, do tipo que o mundo raramente vê hoje em dia. Porém, enquanto lutam por liberdade, se forem novamente abandonados, como Barack Obama abandonou os manifestantes de 2009, tudo dará em nada.
Mas Barack Obama se foi e Donald Trump é o presidente. Para o povo do Irã, será o homem certo na hora certa?